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domingo, 26 de agosto de 2012

PARA QUE FILOSOFIA?

“… Ora, muitos fazem esta pergunta: afinal, para que Filosofia?
É uma pergunta interessante. Não vemos nem ouvimos ninguém perguntar, por
exemplo, para que matemática ou física? Para que medicina ou biologia? Para que astronomia ou química? Para que pintura, literatura, música ou dança? Mas toda a gente acha muito natural perguntar: para que Filosofia?

Em geral, essa pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida pelos estudantes de Filosofia: “A Filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”. Ou seja, a Filosofia não serve para nada. Por isso, se costuma chamar de “filósofo” alguém sempre distraído, com a cabeça no mundo da lua, pensando e dizendo coisas que ninguém entende e que são perfeitamente inúteis.

Essa pergunta, “Para que Filosofia?”, tem a sua razão de ser pois, em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata. Por isso, ninguém pergunta para que as ciências naturais exactas, pois todo mundo imagina ver a utilidade das dessas ciências nos produtos da técnica, isto é, na aplicação científica à realidade.

Todo mundo também imagina ver a utilidade das artes, tanto por causa da compra e venda das obras de arte, quanto porque nossa cultura vê os artistas como gênios que merecem ser valorizados para o elogio da humanidade. Ninguém, todavia, consegue ver para que serviria a Filosofia, donde dizer-se: não serve para coisa alguma.

Parece, porém, que o senso comum não enxerga algo que os cientistas sabem muito bem. As ciências pretendem ser conhecimentos verdadeiros, obtidos graças a procedimentos rigorosos de pensamento; pretendem agir sobre a realidade, através de instrumentos e objectos técnicos; pretendem fazer progressos nos conhecimentos, corrigindo-os e aumentando-os.

Ora, todas essas pretensões das ciências pressupõem que elas acreditam na existência da verdade, de procedimentos corretos para bem usar o pensamento, na tecnologia como aplicação prática de teorias, na racionalidade dos conhecimentos, porque podem ser corrigidos e aperfeiçoados.

Não obstante, muitos não sabem que: verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer factos, relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes, tudo isso não é ciência, são questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a Filosofia quem as formula e busca respostas para elas. Assim, o trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da Filosofia, mesmo que o cientista não seja filósofo.

No entanto, como apenas os verdadeiramente cientistas e filósofos sabem disso, o senso comum continua afirmando que a Filosofia, incluindo muitas outras ciências sociais e humanas (como a Psicologia, Sociologia, Antropologia, entre outras) não servem para nada. Que triste realidade…”
Tenho dito...
Sabune

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